A história de Liz
Liz nasceu no ano de 1979, numa cidadezinha do interior de SP chamada Avaré (aproximadamente 250 km). Seu lar era uma casinha humilde na colônia de uma fazenda. Seu pai nesta época era empregado rural.
Mas não se demoraram muito por ali. Aliás, nunca se demoravam em lugar nenhum mesmo...Viviam mudando de sítio em sítio, de fazenda em fazenda. Até me lembro de alguns nomes: Fazenda Santa Rita de Cássia (Liz fez a primeira série numa escolinha da zona rural da cidade de Cerqueira César, de uma única sala com 1ª, 2ª e 3ª séries), Fazenda Caracol (Manduri), Fazendinha (Cerqueira César), mais vários outros lugares que não me recordo o nome de cabeça. Seu pai trabalhava sempre como peão, lavrador, retireiro, caseiro, etc...
Quando Liz completou 9 anos de idade acabaram-se as peregrinações e a família se estabeleceu num povoado chamado Barra Grande. Lugarzinho feio, com duas ruas horizontais e três verticais. Ali permaneceram, e ali se encontra até hoje parte da família.
Sua infância foi um tanto triste... É claro que tinha momentos felizes, mas muitos momentos tristes. Apesar de nunca ter faltado o alimento em sua casa, Liz era triste. Seu pai era alcoólatra, e isso causava um grande sofrimento à sua família.
Por diversas vezes quando o pai estava bêbado, à noite quando os irmãozinhos dormiam, Liz ouvia os gemidos de sua mãe a apanhar (apesar de se esforçar ao máximo para não fazer barulho).
Certa noite, quando tinha sete pra oito anos, avistou atrás do guarda roupa uma garrafa de cachaça...Na mesma hora correu em direção de sua mãe e disse-lhe:
_ Mãe, tem uma garrafa de cachaça escondida atrás do guarda-roupa.
A mãe então correu e pegou a garrafa...Neste momento chegou o pai...
_ Zé, você tinha me prometido que tinha parado de beber, você jurou...Eu vou jogar esta porcaria fora.
Mas o pai pegou dela a garrafa dizendo e sorrindo (sorriso de quem mente, pois existem pessoas que se entregam facilmente quando sorriem):
_ Esta cachaça não é minha, é do Jorge (o vizinho que morava na chácara ao lado).
E tomando a garrafa das mãos da esposa, levou-a consigo.
A noite que se seguiu foi uma das piores noites da vida de Liz. Por volta das 7 horas da noite chegou o Sr Jorge (que não era o dono da bebida), e sentou, pondo-se a conversar com o Sr. Zé. Ele estava lá porque haviam matado porcos neste dia, e ele vinha pra ajudar e aproveitar pra ficar de papo comendo aperitivos.
Então os dois senhores puseram-se a comer e a beber a (maldita) cachaça. A bebida fazia com que o Sr. Zé perdesse completamente o sentido das coisas...Ele começava a ver coisas e a ficar violento e, neste dia, não foi diferente. Começou a brigar com todos, a quebrar tudo dentro de casa e a dizer que ia matar a família. Era sempre assim. A atitude se repetia a cada “porre”. Mas neste dia foi pior, pois não tinha dado tempo de esconderem as facas da casa. Então o Pai de Liz bêbado e se dizendo possuído, pegou a faca dizendo que acabaria com a vida de sua família. O Sr Jorge, apesar de estar alto pelo consumo do álcool, era controlado. Segurando o Sr. Zé, disse para que a mãe de Liz fugisse com os filhos.
Mas como fugir com os três filhos à noite, de um sítio, no meio do nada, e com uma chuva terrível a cair...
E lá se foram a mãe, Liz e o irmão caçula, a correr pela chuva por entre o canavial. Tomando chuva, o medo a aterrorizar-lhes e as formigas a morderem-lhes o corpo, quando paravam pra descansar. Essa caminhada durou muito tempo, pois paravam a todo momento preocupados com o filho do meio que havia ficado dormindo num dos quartos, trancado a chaves. A mãe não sabia se prosseguia em busca de ajuda ou se voltava e buscava o filho. Mas como ela poderia carregar um filho de seis anos que estava dormindo, enquanto ela tinha que carregar o menorzinho de três.
Foram parar no sitio vizinho, na casa de Jorge (sua esposa havia ficado em casa), e lá ficaram. Por sorte pediu ajuda a um outro morador deste mesmo sítio, o qual foi prontamente resolver a situação.
O bendito vizinho do Sr. Jorge foi até a casa de Liz, e trouxe consigo o irmãozinho do meio, ainda dormindo feito um anjinho. Sr. Jorge houvera conseguido segurar o Sr José até que sua loucura houvesse cessado por completo.
No outro dia, quando a família voltou pra casa, encontraram muitas coisas quebradas, mas o Sr José não estava por lá. Estava trabalhando.
E foi assim que, quando o Sr José voltou pra casa, agindo como se nada tivesse acontecido, a família superou mais uma vez o acontecido, e a esposa desculpando o marido, que jurava que nunca mais voltaria a beber.
Ele sempre dizia: _ Quero que um raio me caia sobre a cabeça se mais uma vez na vida colocar uma gota de álcool na boca.
Mas, não foi bem isso que aconteceu, e assim, após esse triste episódio, muitos outros se sucederam.
A história continua (talvez)...
Liz nasceu no ano de 1979, numa cidadezinha do interior de SP chamada Avaré (aproximadamente 250 km). Seu lar era uma casinha humilde na colônia de uma fazenda. Seu pai nesta época era empregado rural.
Mas não se demoraram muito por ali. Aliás, nunca se demoravam em lugar nenhum mesmo...Viviam mudando de sítio em sítio, de fazenda em fazenda. Até me lembro de alguns nomes: Fazenda Santa Rita de Cássia (Liz fez a primeira série numa escolinha da zona rural da cidade de Cerqueira César, de uma única sala com 1ª, 2ª e 3ª séries), Fazenda Caracol (Manduri), Fazendinha (Cerqueira César), mais vários outros lugares que não me recordo o nome de cabeça. Seu pai trabalhava sempre como peão, lavrador, retireiro, caseiro, etc...
Quando Liz completou 9 anos de idade acabaram-se as peregrinações e a família se estabeleceu num povoado chamado Barra Grande. Lugarzinho feio, com duas ruas horizontais e três verticais. Ali permaneceram, e ali se encontra até hoje parte da família.
Sua infância foi um tanto triste... É claro que tinha momentos felizes, mas muitos momentos tristes. Apesar de nunca ter faltado o alimento em sua casa, Liz era triste. Seu pai era alcoólatra, e isso causava um grande sofrimento à sua família.
Por diversas vezes quando o pai estava bêbado, à noite quando os irmãozinhos dormiam, Liz ouvia os gemidos de sua mãe a apanhar (apesar de se esforçar ao máximo para não fazer barulho).
Certa noite, quando tinha sete pra oito anos, avistou atrás do guarda roupa uma garrafa de cachaça...Na mesma hora correu em direção de sua mãe e disse-lhe:
_ Mãe, tem uma garrafa de cachaça escondida atrás do guarda-roupa.
A mãe então correu e pegou a garrafa...Neste momento chegou o pai...
_ Zé, você tinha me prometido que tinha parado de beber, você jurou...Eu vou jogar esta porcaria fora.
Mas o pai pegou dela a garrafa dizendo e sorrindo (sorriso de quem mente, pois existem pessoas que se entregam facilmente quando sorriem):
_ Esta cachaça não é minha, é do Jorge (o vizinho que morava na chácara ao lado).
E tomando a garrafa das mãos da esposa, levou-a consigo.
A noite que se seguiu foi uma das piores noites da vida de Liz. Por volta das 7 horas da noite chegou o Sr Jorge (que não era o dono da bebida), e sentou, pondo-se a conversar com o Sr. Zé. Ele estava lá porque haviam matado porcos neste dia, e ele vinha pra ajudar e aproveitar pra ficar de papo comendo aperitivos.
Então os dois senhores puseram-se a comer e a beber a (maldita) cachaça. A bebida fazia com que o Sr. Zé perdesse completamente o sentido das coisas...Ele começava a ver coisas e a ficar violento e, neste dia, não foi diferente. Começou a brigar com todos, a quebrar tudo dentro de casa e a dizer que ia matar a família. Era sempre assim. A atitude se repetia a cada “porre”. Mas neste dia foi pior, pois não tinha dado tempo de esconderem as facas da casa. Então o Pai de Liz bêbado e se dizendo possuído, pegou a faca dizendo que acabaria com a vida de sua família. O Sr Jorge, apesar de estar alto pelo consumo do álcool, era controlado. Segurando o Sr. Zé, disse para que a mãe de Liz fugisse com os filhos.
Mas como fugir com os três filhos à noite, de um sítio, no meio do nada, e com uma chuva terrível a cair...
E lá se foram a mãe, Liz e o irmão caçula, a correr pela chuva por entre o canavial. Tomando chuva, o medo a aterrorizar-lhes e as formigas a morderem-lhes o corpo, quando paravam pra descansar. Essa caminhada durou muito tempo, pois paravam a todo momento preocupados com o filho do meio que havia ficado dormindo num dos quartos, trancado a chaves. A mãe não sabia se prosseguia em busca de ajuda ou se voltava e buscava o filho. Mas como ela poderia carregar um filho de seis anos que estava dormindo, enquanto ela tinha que carregar o menorzinho de três.
Foram parar no sitio vizinho, na casa de Jorge (sua esposa havia ficado em casa), e lá ficaram. Por sorte pediu ajuda a um outro morador deste mesmo sítio, o qual foi prontamente resolver a situação.
O bendito vizinho do Sr. Jorge foi até a casa de Liz, e trouxe consigo o irmãozinho do meio, ainda dormindo feito um anjinho. Sr. Jorge houvera conseguido segurar o Sr José até que sua loucura houvesse cessado por completo.
No outro dia, quando a família voltou pra casa, encontraram muitas coisas quebradas, mas o Sr José não estava por lá. Estava trabalhando.
E foi assim que, quando o Sr José voltou pra casa, agindo como se nada tivesse acontecido, a família superou mais uma vez o acontecido, e a esposa desculpando o marido, que jurava que nunca mais voltaria a beber.
Ele sempre dizia: _ Quero que um raio me caia sobre a cabeça se mais uma vez na vida colocar uma gota de álcool na boca.
Mas, não foi bem isso que aconteceu, e assim, após esse triste episódio, muitos outros se sucederam.
A história continua (talvez)...
Se quiserem, podem trocar o z por a.
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16 comentários:
Querida Lia! Com A
Quando leio essas histórias, ao invés de ficar triste (fico triste) eu penso que devo ficar feliz. Fico feliz quando vejo pessoas expondo suas tristezas com coragem, não aquele simples reclamar da vida, mas contar, e talvez com esse contar, estarão ajudando pessoas que passaram por situações semelhantes. Siga em frente e conte-nos a história. Nós, seus amigos estaremos aqui, prontos a caminhar mais esse pedaço com você. Falar ajuda, eu tenho experimentado isso em minha vida.
as histórias da vida real não se parecem em nada com as do contos de fadas...
Bete, são lembranças de uma infância triste...
Mas na verdade o terror durou até tres anos e meio atrás...
Mas é coisa do passado...é que eu estava me lembrando esses dias e resolvi por aqui...
Mas, como dizia minha vó, qdo eu me machucava: Passou, passou...
Quase Trinta
Isso é a mais pura verdade...
mas eu ainda vou encontrar um sapo, dar um beijo e vê-lo transformado em principe...
Mas, imagine vc, eu já conheci um principe no passado...
Dei-lhe um beijo e ele se transformou em sapo...rs
Mas a verdade é que, apesar de td, eu tive amor de pai...
bjs
Doce Lia,
Para mim é uma história terrivel, por pensar que, infelizmente, ainda acontecem casos como o que relatas.
São autênticas heroínas as mulheres que tenham 10, 20 ou mais anos de idade e que estão a passar por este tipo de malvadez, para não dizer outra coisa!
Parabéns Lia pelo seu presente e pelo risonho futuro, porque mereces ser a mulher mais feliz do mundo, quer apareça o principe ou apareça o Homem.
Um beijo doce,
Renato
Olá querida Lia,
Obrigada, muito obrigada, por nos ter contado isto.
Precisamos de conhecer, de saber...o que foi e continua a ser a vida de tantas mulheres e de tantos filhos!
Conheço casos parecidos.
Mas, como diz e muito bem, PASSOU!
A vida está aí para ser vivida em plenitude!
Quem sabe quanta coisa linda ainda vai chegar!
Vá em frente, minha querida, vá sim!
Não olhe muito para trás.
Um grande e carinhoso abraço
Viviana
Olá Lia!
Tudo bem com vc?
Essas histórias deveriam de existir só nos contos de fada, mas a vida real as vezes se torna cruel.
beijooo.
Lia querida,
Brigada pela confiança, brigada por compartilhar conosco algo tão pessoal, linda!
"E Deus limpará de seus olhos toda lágrima..." Amém!
Apocalipse 21:4
Que Deus te abençôe, e que Êle faça seu coração voltar a sorrir, linda!
beijinhos
PS: A família do meu cunhado tinha casa na Barra Grande, Lia.
E eu estive por lá várias vezes.
Sr. Alfredo e Vó Beá. Já falecidos. Conhece, linda?
RENATO
Muitas melheres passam por isso, ou coisa pior. Muitas sofrem violência e não fazem nada...
bjs meu anjo.
VIVIANA
Graças a Deus são só tristes recordações de uma infância.Mas oque mais marcou mesmo foram os momentos felizes que passei com ele, no decorrer de minha vida.As vezes em que levava pra comprar doces, me acarinhava, me carregava em seu colo...
Beijinhos
PELOS CAMINHOS DA VIDA
Infelizmente né, as pessoas nem sempre procuram ajuda nos lugares certos...
bjs
Neli,
"E Deus limpará de seus olhos toda lágrima..." Amém!
muito linda essa frase.
Se conheçi Sr Alfredo Marques do Vale e a Sra Beatriz Marques do Vale?
Quando criança frequentei a Igreja Presbiteriana Independente, e quem construiu essa igreja lá no Povoado foi o Sr. Alfredo e a D. Beatriz...Ela me deu uma bíblia de presente no dia 08/08/88 e me falou que a bíblia me traria sorte, por causa da data.
O filho deles, até há algum tempo atrás ainda via por ae, pelas ruas da cidade. Ele é professor de artes marciais e (acho) que ainda cuida do sítio que herdou dos pais.
A D. Beatriz foi professora da minha mãe...
Vê só, que mundinho pequeno esse não..
Beijos Nelinda.
Este mundo é mesmo pequeno, Lia!
Esta família é muito querida! meu cunhado (Coaraci) filho deles é como se fosse meu irmão! É casado com minha irmã mais velha! Lia, eu nem acredito! Quando li Barra Grande no post, eu nem acreditei...
Que gostoso saber que te deram uma bíblia, linda. Quando estiver triste, leia Salmos, que sempre trazem conforto,Lia!
beijinhos
Neli, minha tia me disse o nome dos filhos deles:
Ubiratan
Guaraci
Alfredo Junior(Alfredinho)
Iaci
Iara
Inaie
Ianê...
Vc vê, todos com nomes indigenas...
Menos o Alfredinho, que é quem eu te falei que conheço, o professor de artes marciais.
Lia querida, ainda bem que Deus nos deu pouca memória... e qdo vc menos percebe, como dizia sua avó: passou!!!
Quanto ao seu comentário no meu Blog: Pode ficar sossegada, Ele perdoa sempre, Ele é pai e todos os pais perdoam.
Fique bem, fiqye com Deus no coração. Teu amigo, ZC
Zé Carlos,É verdade...Deus é benevolente.
Que bom pra nós, que ELE nos perdoa.
Grande beijo, meu amigo.
Lia, gostei de saber sobre a sua história... Cada um passa por diferentes situações... Meu pai era pastor mas teve diversos irmãos com problema de alcoolismo; é muito difícil...
Tive uma empregada que tinha 7 filhos e o marido "enchia a cara" todas as noites, e ao acordar, depois de vomitar até o fígado,saia para trabalhar, como se nada tivesse acontecido... Uma noite, chegou em casa apavorada com 3 dos filhos menores, tinha apanhado até!!! Passou mais uns 30 minutos e os outros foram chegando... até clarear. Então, disse a ela que estava na hora dela dar um basta!
Eu fiquei com as crianças e ela foi na delegacia da mulher prestar queixa contra ele... Mas não adiantou muito , não... ele tinha uma lábia!!!
Então a orientei que da próxima vez que ele batesse nela, que ela poderia vir com toda a filharada para casa mas, eu, se fosse ela, daria uma bela surra nele (detalhe: ela era uma mulher tipo "guarda- roupa, de tão enorme, e era da Paraíba"... Ele era do "tipo mignon ")
Após a sua primeira surra de revide, a paz voltou a reinar em casa; nunca mais ele a espancou, de medo... Na hora eu achei o meu conselho um tanto "troglodita", mas funcionou...
Bjs
Que bom que funcionou...
Meu pai esteve um bom tempo tranquilo, qdo frequentava a AAA, mas ele parou de ir às reuniões..aí já viu...piorou td de novo.
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