11/09/2008

A história de Liz




A história de Liz

Liz nasceu no ano de 1979, numa cidadezinha do interior de SP chamada Avaré (aproximadamente 250 km). Seu lar era uma casinha humilde na colônia de uma fazenda. Seu pai nesta época era empregado rural.
Mas não se demoraram muito por ali. Aliás, nunca se demoravam em lugar nenhum mesmo...Viviam mudando de sítio em sítio, de fazenda em fazenda. Até me lembro de alguns nomes: Fazenda Santa Rita de Cássia (Liz fez a primeira série numa escolinha da zona rural da cidade de Cerqueira César, de uma única sala com 1ª, 2ª e 3ª séries), Fazenda Caracol (Manduri), Fazendinha (Cerqueira César), mais vários outros lugares que não me recordo o nome de cabeça. Seu pai trabalhava sempre como peão, lavrador, retireiro, caseiro, etc...
Quando Liz completou 9 anos de idade acabaram-se as peregrinações e a família se estabeleceu num povoado chamado Barra Grande. Lugarzinho feio, com duas ruas horizontais e três verticais. Ali permaneceram, e ali se encontra até hoje parte da família.
Sua infância foi um tanto triste... É claro que tinha momentos felizes, mas muitos momentos tristes. Apesar de nunca ter faltado o alimento em sua casa, Liz era triste. Seu pai era alcoólatra, e isso causava um grande sofrimento à sua família.
Por diversas vezes quando o pai estava bêbado, à noite quando os irmãozinhos dormiam, Liz ouvia os gemidos de sua mãe a apanhar (apesar de se esforçar ao máximo para não fazer barulho).
Certa noite, quando tinha sete pra oito anos, avistou atrás do guarda roupa uma garrafa de cachaça...Na mesma hora correu em direção de sua mãe e disse-lhe:
_ Mãe, tem uma garrafa de cachaça escondida atrás do guarda-roupa.
A mãe então correu e pegou a garrafa...Neste momento chegou o pai...
_ Zé, você tinha me prometido que tinha parado de beber, você jurou...Eu vou jogar esta porcaria fora.
Mas o pai pegou dela a garrafa dizendo e sorrindo (sorriso de quem mente, pois existem pessoas que se entregam facilmente quando sorriem):
_ Esta cachaça não é minha, é do Jorge (o vizinho que morava na chácara ao lado).
E tomando a garrafa das mãos da esposa, levou-a consigo.
A noite que se seguiu foi uma das piores noites da vida de Liz. Por volta das 7 horas da noite chegou o Sr Jorge (que não era o dono da bebida), e sentou, pondo-se a conversar com o Sr. Zé. Ele estava lá porque haviam matado porcos neste dia, e ele vinha pra ajudar e aproveitar pra ficar de papo comendo aperitivos.
Então os dois senhores puseram-se a comer e a beber a (maldita) cachaça. A bebida fazia com que o Sr. Zé perdesse completamente o sentido das coisas...Ele começava a ver coisas e a ficar violento e, neste dia, não foi diferente. Começou a brigar com todos, a quebrar tudo dentro de casa e a dizer que ia matar a família. Era sempre assim. A atitude se repetia a cada “porre”. Mas neste dia foi pior, pois não tinha dado tempo de esconderem as facas da casa. Então o Pai de Liz bêbado e se dizendo possuído, pegou a faca dizendo que acabaria com a vida de sua família. O Sr Jorge, apesar de estar alto pelo consumo do álcool, era controlado. Segurando o Sr. Zé, disse para que a mãe de Liz fugisse com os filhos.
Mas como fugir com os três filhos à noite, de um sítio, no meio do nada, e com uma chuva terrível a cair...
E lá se foram a mãe, Liz e o irmão caçula, a correr pela chuva por entre o canavial. Tomando chuva, o medo a aterrorizar-lhes e as formigas a morderem-lhes o corpo, quando paravam pra descansar. Essa caminhada durou muito tempo, pois paravam a todo momento preocupados com o filho do meio que havia ficado dormindo num dos quartos, trancado a chaves. A mãe não sabia se prosseguia em busca de ajuda ou se voltava e buscava o filho. Mas como ela poderia carregar um filho de seis anos que estava dormindo, enquanto ela tinha que carregar o menorzinho de três.
Foram parar no sitio vizinho, na casa de Jorge (sua esposa havia ficado em casa), e lá ficaram. Por sorte pediu ajuda a um outro morador deste mesmo sítio, o qual foi prontamente resolver a situação.
O bendito vizinho do Sr. Jorge foi até a casa de Liz, e trouxe consigo o irmãozinho do meio, ainda dormindo feito um anjinho. Sr. Jorge houvera conseguido segurar o Sr José até que sua loucura houvesse cessado por completo.
No outro dia, quando a família voltou pra casa, encontraram muitas coisas quebradas, mas o Sr José não estava por lá. Estava trabalhando.
E foi assim que, quando o Sr José voltou pra casa, agindo como se nada tivesse acontecido, a família superou mais uma vez o acontecido, e a esposa desculpando o marido, que jurava que nunca mais voltaria a beber.
Ele sempre dizia: _ Quero que um raio me caia sobre a cabeça se mais uma vez na vida colocar uma gota de álcool na boca.
Mas, não foi bem isso que aconteceu, e assim, após esse triste episódio, muitos outros se sucederam.

A história continua (talvez)...

Se quiserem, podem trocar o z por a.
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